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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Política X Religião



Um Paradoxo.
                             
                               


Existe um ditado popular que diz que religião, política e futebol ninguém discute. Mas eu me atrevo em discutir sim, até por que primeiro, eu tenho uma opinião sobre o assunto. Segundo, eu não sou irracional, e terceiro; porque eu gosto de polemizar. Quanto mais eu me afasto destes assuntos, mais eles se inserem dentro do contexto de conversas em rodas de amigos. O que mais me intriga nesta questão é que aprendemos a desde muito cedo a não questionar absolutamente nada, e olhando de uma perspectiva mais ampla, parecemos animais adestrados segundo algumas normas pré estabelecidas por alguém ou alguma instituição. Pensando melhor, essa questão animal de tratamento nunca foi novidade pras pessoas, principalmente brasileiros. Aqui, algumas músicas tratam as mulheres como cachorras, vacas, éguas; os homens de touro, cavalo, cachorro, gays são veados, lésbicas são sapas. Estes dias mesmo um amigo me questionou por que as pessoas de algumas religiões são tratadas como ovelhas, ironicamente  as mais mansas, porque as mais rebeldes são bodes mesmo.

Interessante é que pensando sobre a política em um curso de extensão que realizei; (Política e desenvolvimento sustentável), e por este ano ser um ano político nas esferas dos municípios, os eleitores também são tratados por animais uma vez que aliados de um partido específico ou não vivem dentro de esferas chamadas "currais eleitorais". A coisa mais intrigante nisso é que, tanto em instituições religiosas quanto instituições políticas sobrevivem do suor do trabalhador. A primeira - dízimos e impostos - foi criada segundo as leis bíblicas. Vamos a definição de Dízimo:

Dízimo significa a décima parte de algo, paga voluntariamente ou através de taxa ou imposto, normalmente para ajudar organizações religiosas judaicas e algumas denominações cristãs. Apesar de atualmente estar associada à religião, muitos reis na Antiguidade exigiam o dízimo de seus povos.
Etimologicamente dízimo (latim decimus), significa a décima parte de algo. Historicamente eram pagos na forma de bens e encontra suas origens no Sacerdócio Levítico judaico (Lv 27, 30-34). Por ser Cristo sacerdote segundo a Ordem de Melquisedec, ab-rogou o sacerdócio levítico com todas as suas as leis, dízimos e costumes, conforme narra Paulo na Carta endereçada aos Hebreus (Hebr 7, 1 - 28). Citando consecutivamente a questão do dízimo nos versículos precedentes,  Paulo arremata: "Com efeito, mudado que seja o sacerdócio, é necessário que se mude também a lei" (Hebr 7, 12). E ainda: "O mandamento precedente é, na verdade, ab-rogado pela sua fraqueza e inutilidade" (Hebr 7, 18).

Hoje, os dízimos cobrados por algumas denominações e seitas religiosas, são normalmente voluntários e pagos em dinheiro, cheque ou ações, enquanto historicamente eram pagos na forma de bens, como com produtos agrícolas. Alguns países europeus permitem com força de lei que instituições religiosas instituam o dízimo como obrigatório.

O que mais eu gostava das aulas de história é que por mais que ninguém se interessasse com todas aquelas informações, eu sabia que de alguma forma , dento do meu contexto evolutivo isso serviria pra me fazer expandir consciencialmente. Se pararmos pra pensar, dízimos e impostos fazem parte do mesmo bolo, quando religião e estado eram forças co-equivalentes. Enquanto sacerdotes cobravam dízimos para a sustentação da casa do senhor, outros senhores também exigiam cobranças pelo uso de terras, administração das cidades e dos cidadãos. E o nome dado a isso era: Imposto!

"O imposto é uma prestação pecuniária para as pessoas, exigido pela autoridade devida, de modo permanente e sem remuneração por tal, para cobrir uma função pública necessária".
- Gaston Jéze 


Imposto (do latim taxo: estimar) é a imposição de um encargo financeiro ou outro tributo sobre o contribuinte (pessoa física ou jurídica) por um estado ou o equivalente funcional de um estado a partir da ocorrência de um fato gerador, calculada mediante a aplicação de uma alíquota a uma base de cálculo, de forma que o não pagamento deste, acarreta irremediavelmente sanções civis e penais impostas à entidade ou indivíduo não-pagador, sob forma de leis. O imposto é uma das espécies do gênero tributo. Diferentemente de outros tributos, como taxas e contribuição de melhoria, é um tributo não vinculado: é devido pelo contribuinte independentemente de qualquer contraprestação por parte do Estado. Destina-se a atender as despesas gerais da administração, pelo que só pode ser exigido pela pessoa jurídica de direito público interno que tiver competência constitucional para tal.

Em tese, os recursos arrecadados pelos governos são revertidos para o bem comum, para investimentos e custeio de bens e serviços públicos, como saúde, segurança e educação. Mas não há vinculação entre receitas de impostos e determinada finalidade - ao contrário do que ocorre com as taxas e a contribuição de melhoria, cujas receitas são vinculadas à prestação de determinado serviço ou realização de determinada obra. Embora a lei obrigue os governos a destinarem parcelas mínimas da arrecadação a certos seviços públicos - em especial de educação e saúde -, o pagamento de impostos não confere ao contribuinte qualquer garantia de contrapartida.

Um questionamento que faço sempre é qual o objetivo real dos dízimos nas instituições religiosas uma vez que na maioria das vezes serve para levantar templos e disseminação de doutrinas diversas. A função real não seria, a assistência as viúvas, aos carentes os enfermos, a manutenção? Eu como religioso que já fui, vi coisas das mais tenebrosas por causa de dízimos e ofertas. Abro uma exceção pra comentar sobre isso sem entrar em detalhes de tais acontecimentos.



Do mesmo modo os impostos arrecadados pelo estado deveriam ser repassados para a saúde, educação, segurança dentre outros. Porém, o que vimos hoje, não é uma novidade do que sempre aconteceu. em épocas distantes, a relação da igreja e do estado eram entrelaçadas, e nenhuma decisão era tomada sem que a igreja pudesse decidir. Cabia então á Santa Sé o papel de coroar os reis e rainhas em seus templos suntuosos, além de a ordenação de patentes também decididas concomitantemente. O problema dessa relação é que a religião passou a ser a voz da verdade sobre todos os aspectos da vida do ser humano, e sob supostamente a outorga de D´us, legislavam deliberadamente até mandarem matar todos aqueles que iam contra sua autoridade e ensinamentos.

Diferentemente do que vimos hoje, a religião representada na "bancada católica e evangélica" usa os pretextos políticos para legislarem em favor de seus próprios interesses, perseguindo direitos humanos garantidos a negros e suas religiões, aos gays e as mulheres sob o seu corpo gerando ainda mais divisão, impondo uma opinião bíblica sobre os direitos invioláveis de cidadãos que pagam seus impostos, e vivem sob a perspectiva de um ponto de vista diferenciado das doutrinas cristãs.

Observo que na grande maioria são espertalhões instituindo benefícios para seus rebanhos específicos, não pensando na coletividade e no bem social de todos, deveres esses garantidos nos códigos de ética da carta magna brasileira; sua constituição. Há muito tempo essa relação religião x estado é uma relação paradoxal e não mais cabe dentro de uma política voltada á nova era em ascensão. Vemos cada vez mais as relações de estado laico e seus benefícios de cunho individual e coletivo, enquanto países sob o regime teocrático vivem á margem de um sofrimento estático do ponto de vista existencial evolutivo. Está na hora de cada vez mais olharmos essas relações de poder com desconfiança, cada um de nós está sendo representado pelos líderes que tem e/ou elegem, sejam eles políticos ou eclesiásticos. Precisamos acordar para perceber as reais intenções que se escondem através das aparências, dos ternos de seda bem talhados, das vozes esbravejantes que gritam em nome de Deus ou da família, e por fim, doutrinam as mentes das grandes massas impensantes.

Despertemos para nossa real existência, sob a óptica da responsabilidade do presente gerando um futuro mais verdadeiro e completo para as futuras gerações. Espero viver para um dia ver que não mais precisaremos pagar pra nada e nem ninguém nosso suor sagrado, esperando na perspetiva de viver intensamente o presente como uma grande dádiva da vida, sem o medo da morte, do futuro, nem do dia, e nem da noite.

Que os templos sagrados que devemos doar e cuidar sejam os nossos corações , corpos e mentes em satisfação e gratidão por tamanha obra prima da natureza divina, não esperando a felicidade e a paz vinda de fora mas de dentro de nossas próprias consciências eternas.




                     
Veja o documentário completo, não se assuste.

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